Como alinhar a inovação e tecnologia com o componente preservação ambiental? Essa é uma pergunta que me faço bastante e vejo como um grande desafio para C-Levels e gestores, como um todo, quando falamos em governança e sustentabilidade. Sim, são assuntos que se complementam e, ao mesmo tempo, acabam sendo “contraditórios”, o que mostra que ser uma empresa ecologicamente correta não é tão simples quanto se pensa.
Mas claro, existem diversos caminhos para nos adequarmos e aproveitamos o ecossistema a nosso favor para transformar a inovação em algo sustentável. Esse tema foi intensamente discutido durante o Startup20, evento organizado pelo Grupo de Engajamento que integra o G20 e do qual tive a incrível oportunidade de participar neste mês de fevereiro.
A imersão e aprendizado já começou pelo local no qual o evento foi realizado: o estado do Amapá, no norte do país. Explico trazendo algumas curiosidades, como por exemplo, não ser possível chegar ao estado apenas de carro – é necessário uma balsa para o trajeto.
Outros pontos de destaque sobre o Amapá são:
- No Amapá, podem ser encontrados quase todos os biomas brasileiros: mangue, floresta tropical densa, campos inundáveis e cerrados.
- Quase 40% da rede hidrográfica do Amapá faz parte da bacia do Rio Amazonas, ou seja, os rios têm uma importância econômica para a região.
- Há regiões em que o acesso só é possível por meio de barcos, o que dá uma importância extra aos transportes hidroviários.
- O Amapá é o único estado do país onde as reservas indígenas estão todas eficientemente demarcadas. Lá, não há invasão de garimpeiros, madeireiros ou agricultores. Essas terras representam 8,6% do território estadual.
Bom, essas são apenas algumas informações que demonstram a importância de um ambiente tão enriquecedor para o tema. A realização desse evento em um ambiente tão rico e imersivo, trouxe uma experiência realmente transformadora para meu olhar sobre o ecossistema amazônico.
Mas o evento foi ainda além disso, O Startup20 não apenas proporcionou a divulgação do conhecimento regional e uma imersão na rica cultura do Norte do Brasil, mas também abriu portas para a integração do empreendedorismo com a sustentabilidade.
As sessões plenárias e discussões temáticas sobre horizontes sustentáveis, regulação de fintechs, financiamento da inovação, estratégias globais para o fortalecimento da força de trabalho tecnológica, e o papel do capital de risco corporativo demonstraram que o Amapá e a região amazônica, como um todo, realmente são grandes portas de entrada ao mercado nacional e trazem muitas oportunidades de empreendedorismo.
A valorização dos produtos amazônicos é bastante importante no cenário atual e um caminho fundamental para posicionar o Brasil como líder em inovação global e em bioeconomia. Acredito que, ao alinhar a inovação e tecnologia com o componente da preservação ambiental, conseguiremos desenvolver um ambiente encorajador e atraente para a criação de negócios sustentáveis na Amazônia, ampliando as iniciativas tecnológicas e oportunidades para todo o Brasil.
Esse movimento ficou bastante evidente com a participação da delegação de inúmeros países da África, América do Norte, Europa e Ásia, deixando claro que vivemos um momento fundamental para acrescentar nas discussões sobre inovação aberta e tecnologia as soluções sobre bioeconomia e educação na Amazônia.
A região, com seu ecossistema exuberante, oferece inúmeras oportunidades que precisam ser fomentadas para impulsionar e acelerar a bioeconomia local, e para consolidar o Brasil como líder em inovação global. Este movimento reflete minha convicção de que o futuro das startups está intrinsecamente ligado a um ecossistema inovador, inclusivo e sustentável.
É essencial que continuemos a incentivar a colaboração entre empreendedores, pesquisadores e governos para promover a inovação e a preservação ambiental na região amazônica e além dela. Somente assim poderemos construir um futuro próspero e sustentável para todos.