Muitas vezes faço uma pergunta a mim mesma: qual meu papel como mulher atuando como líder em cibersegurança? Sim, ser uma liderança feminina em segurança cibernética não é algo tão comum no mercado de trabalho, por isso acredito que aquelas que estão nessa posição precisam trabalhar unidas para construir apoio para todas as profissionais que querem embarcar nessa jornada.
Digo isso porque o caminho vem sendo percorrido, construído e pavimentado por nós, mas ainda existe um grande espaço para crescermos na área. Para vocês terem uma ideia, os estudos mostram que as mulheres ocupam hoje apenas um quarto (25%) dos cargos disponíveis em cyber, uma área que não para de crescer.
Refletindo sobre esse cenário, percebo o quanto ele reflete minha própria trajetória no universo da cibersegurança. O acesso para novos profissionais já é desafiador, mas para as mulheres, a dificuldade é ainda maior, especialmente devido às barreiras do preconceito. Já ouvi relatos de profissionais e educadores que desencorajam mulheres a seguirem nessa área, e eu mesma passei por situações constrangedoras e até de assédio. Esses desafios reforçam como a jornada da mulher em cibersegurança é complexa e exige muita determinação para avançar.
Ao mesmo tempo, já estamos construindo algo, e as projeções são, de certa forma, animadoras, já que a projeção da Cybersecurity Ventures é de que o percentual seja de 30% em 2025 e atinja 35% até 2031. Ou seja, apesar de certa lentidão, o caminho vem sendo percorrido.
“Mas o que falta para as mulheres terem ainda mais representatividade?”, você pode perguntar. Eu diria que são alguns pontos, como mais incentivo, mais oportunidades e, claro, mais mulheres em cargos de liderança para servirem de inspiração.
Acredito muito que um dos principais obstáculos é a falta de lideranças femininas na indústria de tecnologia, como um todo, pois os incentivos e apoios são limitados. Isso acaba desencorajando as mulheres a seguirem na área, por isso, é importante que tenhamos exemplos de mulheres bem-sucedidas no campo. Até por isso escrevo esse texto, como CISO da Ivy, acredito ter a responsabilidade de construir comunicações que ajudem os caminhos serem cada vez menos complexos.
Mas vou ilustrar o que estou dizendo com alguns números. A Microsoft fez um estudo recente para entender um pouco a participação da mulher na área de segurança cibernética. E embora 83% dos entrevistados acreditem que há oportunidade para mulheres em segurança cibernética, menos da metade das mulheres entrevistadas (44%) acredita que estão suficientemente representadas na indústria.
Outro ponto que me chamou atenção nessa pesquisa foi que, devido ao preconceito e ao histórico, as próprias mulheres duvidam de sua capacidade. A pesquisa indicou que as mulheres são mais propensas do que os homens (71% versus 61%) a pensar que a segurança cibernética é “muito complexa” para uma carreira. Além disso, mais mulheres do que homens (27% a 21%) acreditam que os homens são vistos como uma opção melhor para os temas de tecnologia. Aí eu volto a me questionar como lá no início do texto: como líder em cibersegurança, qual meu papel para mudar essa percepção?
Primeiramente, precisamos lembrar que as mulheres são essenciais para garantir que as soluções de cyber sejam abrangentes e representativas. E claro, ressaltar que a presença vem aumentando, hoje, temos mulheres programando softwares, gerenciando arquiteturas, liderando projetos, destacando-se em cibersegurança e em cargos de liderança, mas ainda um tanto longe de um cenário ideal.
Para as empresas, trago uma informação importante e até uma provocação. Você sabia que os estudos indicam que as equipes com diversidade de gênero tomam melhores decisões comerciais em 73% das vezes?
Pois é, e como as ameaças e desafios de cibersegurança são cada vez mais complexos e afeta todos que estão vulneráveis, o cenário atual EXIGE uma força de trabalho diversa, com diferentes conhecimentos, origens e habilidades.
Já para as mulheres que desejam seguir na carreira, busque inspiração nas lideranças femininas na tecnologia em geral, hoje temos alguns bons exemplos. Deixo aqui neste link uma reportagem da Forbes com cinco mulheres inspiradoras. Também cito aqui a Raísa Francescatto, Diretora de Negócios Internacionais do Grupo Ivy. Recentemente, ela fez um texto bastante interessante sobre a participação das mulheres na tecnologia, se quiser acessar, este é o link.
Por fim, quero destacar a importância do apoio das empresas nesse processo de crescimento das mulheres em cibersegurança. Como CISO aqui da Ivy, fico muito feliz em fazer parte de um time que sabe da importância de contar com mulheres nos cargos de liderança. Além disso, toda a liderança da empresa nos passa confiança e cada vez mais reforça a participação feminina.
E isso não fica apenas na sensação. Fui buscar alguns números e descobri que as mulheres estão posicionadas em todos os setores de tecnologia e com algumas ações afirmativas, a Ivy registrou um aumento de 266% de mulheres em seu quadro de funcionários entre 2022 e o início de 2024. E já que mencionei histórias inspiradoras, a Ivy abriu espaço para as mulheres do nosso time contar um pouco de sua trajetória. Se quiser se inspirar, clique nos dois links que deixou aqui e aqui.
E você, tem vontade de seguir na área de cibersegurança? Atua em uma empresa que também apoia a participação de mulheres? Ou ainda, é líder e quer saber como aumentar a participação de mulheres em sua empresa? Fale comigo, vamos conversar a respeito. Tenho certeza que vou te inspirar a seguir nessa área tão rica!